Por aqui os dias passam-se assim:
Ele: Achas que leve o casaco cinzento?
Eu: Pode ser, é giro.
(quando ele aparece vestido)
Eu: Isso não é o casaco cinzento, esse é verde tropa.
Eu: Trazes-me o body cor-de-rosa da Belotinha, sff?
(ele traz um)
Eu: Não é esse, esse é salmão.
(ele traz outro)
Eu: Não é esse, esse é cor-de-laranja.
(ele traz outro)
Eu: Não é esse, não vês que esse é encarnado??
Quando ele vai às compras sozinho e telefona:
"Estou aqui com uma camisola na mão, acho que ficava bem com as minhas calças beiges (mentira, ele não diz beige, diz castanho, que para ele é tudo a mesma coisa) podia dizer-te que é azul, mas sei lá se isto para ti é azul, a senhora da loja já lhe chamou qualquer outra coisa que nem percebi, vou levar e depois se for preciso venho cá trocar, o que achas?"
Adoro esta expressão do "sei lá se isto para ti é azul". É que ele acredita mesmo que eu, e todas as outras mulheres, por sinal, inventámos toda uma gama de cores que não existem e cujo propósito é baralhar as escolhas masculinas. Ele tem a certeza das cores que vê (que são as primárias, sempre no mesmo tom e com o mesmo nome) eu é que vivo num universo paralelo com cores imaginárias. Numa coisa dou-lhe razão: a a percepção deles do mundo é muito mais simples. E acho que até os invejo um bocadinho por isso. Mas nós temos mais por onde escolher. :)