A Belota é distraída. A Belota às vezes é um bocado parva. A Belota, com alguma frequência, fecha-se fora de casa com as chaves lá dentro. E aí sim, é muito parva.
Bastou ouvir a porta a fechar-se às 11h da noite, para eu olhar para os meus amigos e perguntar “alguém trouxe a chave de casa?”, como se isso fosse responsabilidade de mais alguém que não eu, a dona da casa… Mas não era grave. Como isto me acontece com alguma frequência, eu tenho uma cópia das chaves em casa do meu irmão, logo era só ir lá buscá-las. Até ele me dizer que as chaves de casa dele, estavam precisamente, dentro da minha casa! Ora bem avaliada a situação, entrar por uma janela estava fora de questão porque ninguém conseguia trepar até ao 3º andar, chamar os bombeiros ou o sr da loja das chaves estava ainda mais fora de questão, uma vez que qualquer uma das partes leva mais de 100 euros para arrombar uma porta em horário nocturno. Só restavam duas hipóteses: passar a noite na rua, ou arrombar a porta. Como esta não tinha chegado a ser trancada, voltar a abrir a porta não deveria ser tão difícil assim. Claro que como a Belota mora sozinha, o papá mandou instalar fechaduras de segurança, daquelas que mesmo só no trinco são impossíveis de arrombar com um simples BI ou um cartão de crédito, e ao fim de uma hora e meia ainda continuávamos todos na rua. Até que se fez luz! Se o sr. da loja das chaves arromba as portas com uma radiografia (que eu já os tinha visto fazer isto dezenas de vezes), só temos que arranjar uma radiografia! Pois que já depois da meia-noite, lá foi a Belota para o hospital, com ar de menina perdida querida e expressão de cachorrinho abandonado, convencer o segurança a deixá-la entrar só até ao raio-x para aí chatear alguém. Passado o segurança, foi o filme de convencer a senhora do raio-x a dar-me uma radiografia sem eu ter que fingir que me doía alguma coisa. Trinta minutos depois, em que o meu irmão já achava que eu me tinha perdido ou que estava mesmo a fingir que tinha um pé partido, lá consegui a radiografia. Após ainda ter ficado a conhecer todos os corredores do hospital e lá ter encontrado a saída pela porta das urgências, vinte minutos mais tarde, estava finalmente a porta de casa arrombada!
Resumindo e concluindo: continuo a ter que casar com um polícia (que sou multada mais vezes do que as vezes que me fecho fora de casa) mas por fora tenho que engatar o sr.das chaves, está visto.
P.S. – Obrigada ao Gonçalo que há 3 meses se magoou num joelho (ou num cotovelo, que eu percebo lá de radiografias), e cuja placa de raio-x me permitiu voltar a entrar em casa. :)