quinta-feira, 26 de julho de 2012

O vestido de noiva

Ora depois de estar decidido o casamento em Nova Iorque, veio logo a difícil tarefa de escolher um vestido. A única coisa que eu sabia: não queria um vestido de noiva tradicional. O casamento não era tradicional, por isso o vestido teria que se adequar. Inicialmente pensei em algo curtinho e apaixonei-me por este Red Valentino da colecção de 2010, mas quando perguntei na loja a senhora revirou-me os olhos como se eu fosse a pessoa mais desactualizada de sempre. Vestidos de 2010? Hum, estamos em 2012. Ficou por isso fora de questão. Acho que devo ter visto todos os vestidos de noite e de cocktail brancos que andam pela internet. Não houve nada que me escapasse. E lá houve um BCBG que me chamou a atenção. E começa a aproximar-se a data e a minha mãe a insistir que era uma péssima ideia mandar vir um vestido pela internet (são tão mais baratos e é tão cómodo fazer compras sentadinha no sofá). Surpresa das surpresas, pois que um dia a mamã telefona e do nada diz: "Faz a mala, vamos dois dias a Paris comprar um vestido juntas". Yeah! E lá fomos. Visto que a escolha de um vestido normal em vez de um vestido de casamento facilitou logo o orçamento, deu para apontar para as melhores marcas. E não houve loja de topo em que não tenhamos entrado. Mas foi de passagem pelas galerias Printemps, que a minha mãe vê um expositor BCBG, pega num vestido branco e diz: "Então e este?". E era precisamente o vestido que eu tinha visto na internet e que tinha gostado. Experimentei-o e estava óptimo, mas havia ali qualquer coisa que não me convencia. Regressei ao hotel e quando o futuro sr. Beloto me telefonou, aproveitei para lhe pedir que descobrisse online onde havia uma loja oficial BCBG em Paris. E ele, coitadinho e tão querido, liga-me de volta e diz: "Tenho três moradas para ti. Mas querida, essa marca também existe no Porto...". Correcto. E em Lisboa. Mas eu estava em Paris! No dia seguinte lá fui à loja, voltei a experimentar o vestido, mas achava-o demasiado largo e sem formas que favorecessem o corpo. Apertei-o no tronco com as mãos, como se fosse justo em cima, e quando me olhei ao espelho fiquei toda parvinha e emocionada. Era aquilo. Sem qualquer dúvida. Era aquilo. Sorte das sortes a senhora da loja, simpatiquíssima, disse logo que o costureiro deles ficava localizado duas ruas ao lado e que podiam facilmente adaptar o vestido como eu mais gostasse. E lá fui eu a correr ao costureiro, explicar que me queria casar com aquele vestido, e que só tinha meia-hora para o arranjar antes de fazer o check out no hotel e apanhar o avião. Com o maior sorriso, em 30 minutos, arranjaram-me o vestido. E foi das minhas melhores decisões de sempre. Quase dois meses depois do casamento, continuo a acordar de manhã com vontade de o vestir. É o MEU vestido de noiva.

(é este, mas na versão justinho ao corpo)
Bon chic, bon genre

terça-feira, 24 de julho de 2012

E os casamentos dos outros?

Hoje fui convidada para mais um casamento. A partir de Setembro são tantos que já não sei para onde me virar. Chego a ter mais casamentos do que há fins-de-semana num mês. Tenho uns que calham num dia de semana (lá será preciso meter um dia de férias) e outros que acontecem simultaneamente no mesmo dia (é missa num, jantar e copos no outro). E a despesa de tudo isto? Já não vamos entrar por vestidos e sapatos e cabeleireiros, que a roupa pede-se emprestada ou recicla-se, e o cabelo penteia-se em casa. Mas e os presentes? Eu lá casei sossegadita e sem entourage mas planeio fazer ainda uma festa por cá. E preocupa-me que as pessoas se sintam na obrigação de gastarem dinheiro comigo. Com tantos convites de casamento que tenho, só em presentes, vou, facilmente, ultrapassar o valor de um salário mínimo nacional. E ainda gostava de poupar para a minha própria festa. Estou a ver a coisa complicada. Acho que vou instaurar a política dos cupões caseiros. Livrinhos oferecidos aos noivos, com papelinhos para destacar e trocar por serviços. "Vale uma conversa de apoio na primeira discussão". "Vale um abracinho num qualquer objectivo feliz e concretizado". "Vale uma noite de babysitting quando vierem os putos". "Vale um jantar lá em casa, mas assim uma coisa muito simples, que estourei o dinheiro todo nas 30 festas de casamento". O que vos parece?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

E pronto, o casamento foi assim...


Em Fevereiro decidimos quando e como casávamos, em Março foi o pedido de casamento (por aqui faz-se tudo ao contrário), em Abril comprei o vestido, Maio tratámos da papelada, em Junho metemo-nos num avião. E sabem que mais? I Got Married in New York City. E foi o melhor dia de sempre!

Nada de 300 convidados, stresses e coisas do costume. Sempre ouvi dizer que o dia do casamento era o dia dos noivos. E no nosso caso foi mesmo. À filme, divertido, romântico, e a cima de tudo, ABSOLUTAMENTE INESQUECÍVEL.

Mais pormenores nos próximos posts.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma vez sem exemplo... Fotografia do casamento!


Se calhar já está na altura de contar esta aventura, não?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os homens e os carros*

Conversa hoje com um amigo:

Ele: Já casaste, agora mudas de emprego, mudas de carro, e tens vida nova!
Eu: Mudar de emprego entendo, mas mudar de carro para quê?
Ele: Porque é mais uma mudança importante, representa uma fase nova, uma melhoria na qualidade de vida.
Eu: Eu adoro o meu carro! Funciona perfeitamente, tem sido o meu companheiro fiel, temos partilhado momentos muito bons! Para que é que eu quereria outro?
Ele: Então em que é que vocês gastam dinheiro como recompensa de um trabalho grande que fizeram?
Eu (sem dinheiro para gastar): Carteiras Louis Vuitton. Duram para sempre, são mais baratas do que um carro, e não se trocam umas pelas outras. Acumulam-se.

*Nós e as carteiras


terça-feira, 10 de julho de 2012

Porque é que não está feliz?


Pergunta-me o IKEA. Por causa desta música! Eu, que passo muito tempo na rua, percebo a fundo o conceito de chegar a casa e ficar feliz. Mas cada vez que passa este anúncio a banda sonora tira-me do sério. Parece-me um bom modo de arruinar uma excelente canção. Que coisa mais fraquinha e menos feliz. E não é que agora, quando fui ao YouTube buscar este vídeo, aquilo estava cheio de comentários de pessoas que gostam desta versão?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

E o melhor de tudo isto...

Podia ter sido um pedido de casamento genial, uma surpresa tão boa, um almoço fantástico, um hora ou duas que eu nunca ia esquecer. Mas ele conseguiu fazer com que a experiência durasse o fim-de-semana inteiro. E no dia seguinte ainda houve muito spa, mini cupcakes feitos de encomenda EXCLUSIVAMENTE PARA MIM, muito mimo e mais e mais surpresas. E o melhor, foi perceber o quão bem ele me conhece, e como acertou em todos os pormenores que eu adoro (a começar por irmos dormir ao hotel ao lado de casa). E isso é que me deu tantas certezas e tanta confiança.



Dica para totós: já percebemos que vocês não conseguem adivinhar o que se passa nas nossas cabeças, mas vamos ter sempre esperança no dia em que o consigam. Até lá, mostrem que estão atentos e que sabem aquilo de que gostamos ou como certas coisas pequenas nos fazem sentir. Ouçam-nos e tirem notas no telemóvel, peçam ajuda a amigos, tanto faz. Garanto-vos, no dia em que começarem a antecipar aquilo que queremos, gostamos, ou que nos apetece, têm-nos na vossa mão. ;)

terça-feira, 3 de julho de 2012

O pedido de casamento (parte II)

Quinta coisa estranha: em qualquer sítio do hotel por onde eu passava, os empregados olhavam para mim com um sorriso deliciosamente derretido. O Menino das Bolachas manteve a compostura e o silêncio durante o tempo todo. Chegamos ao sítio certo, a senhora passa o cartão na porta, e eu, que conheço o espaço, vejo um dos melhores quartos que eles têm. Grande, com dois terraços, e a melhor vista de sempre. No centro da sala, uma mesa posta para o almoço.

Aparece a S., empregada do hotel/cúmplice/hoje-alguém-com-um-lugar-importante-no-meu-coração. Pergunta se pode começar a servir a refeição. E eu completamente confusa e pateta, a deixar-me levar por aquilo. Almoço particular, num dos melhores quartos, daquele que, para mim, é sem dúvida o melhor hotel do país. Vamos mas é entrar no espírito! Ele com um sorriso todo feliz por eu estar a gostar, e eu completamente em êxtase. Trazem a entrada. Estão a ver quando chegam a um restaurante e há um prato que é mesmo a vossa coisa preferida? Eu não tenho palavras para a ementa do nosso almoço. Eram todas as minhas coisas preferidas, mas levadas ao extremo. Não era um prato que eu gosto muito e um acompanhamento qualquer. Tudo ali estava pensado ao pormenor. A entrada era um folhado de chèvre, em massa phyllo, com compota de frutos vermelhos e uma salada de rúcula (gosto tanto!) onde não havia uma folhinha fora do lugar, ou de um legume que eu não gostasse. E eu cada vez mais parva, só dizia "já viste, eles têm uma entrada, literalmente, com tudo o que eu gosto! Que pontaria!" A seguir chega o prato de carne. E só depois é que eu soube... O Menino das Bolachas, não só entrou em todos os quartos do hotel para escolher o ideal, como marcou uma reunião com o chef, e em vez de escolher o almoço da ementa, pediu para ser criado um menu exclusivo para aquele dia, com todas as coisas que eu adoro. E agora dizemos todos em coro: "ohhhhhh". E voltando ao prato de carne, que foi o único em que ele teve dúvidas. Já se tinha decidido pelo pato, mas indeciso em relação a três propostas, optou pelas três! Resultado, trilogia de pato: magret com legumes, coxa confitada sobre puré de cenoura, e foie-gras fresco acompanhado de tarte tatin. E tudo tão bom, mas tão bom...

E estamos a meio do prato, a S. servia e depois ausentava-se, claro, e ele diz: "Queres saber o que está na mala?" Ah, a mala! No meio daquilo tudo, já nem tinha voltado a pensar na mala! Seria roupa? Era demasiado pesada para isso, mas vendo bem, estávamos num hotel... E ele vai buscar a mala, senta-se de novo à mesa, e diz com um ar muito formal: "como estamos a fazer planos para termos uma casa em comum, eu gostava muito de marcar essa ocasião com algo especial, e faço questão de ser o primeiro a oferecer algo para a casa." Afinal era isso? O secretismo todo e a surpresa é porque vamos viver juntos? Mas isto tudo não é demais só para celebrarmos a casa...? E ele abre a mala, tira um quadro e coloca-o nas minhas mãos. E o quadro tinha seis citações sobre a vida e o amor, proferidas por filósofos, escritores e compositores. E em cada frase havia uma letra que se destacava mais que as restantes. E as letras todas juntas soletravam a palavra "Queres". Aí comecei a ficar nervosa. E ele tira outro quadro igual, que soletrava a palavra "Casar". E a partir daí bloqueei. Fiquei em choque! A surpresa foi tanta, a excitação era tanta, que ele ainda me ofereceu outro quadro com a palavra "Comigo", levantou-se, ajoelhou-se, perguntou-me se casava com ele, abriu a caixa com o anel à minha frente, e eu só me lembro de ele já estar sentado outra vez à mesa, para continuar a almoçar, e eu dizer "Eu disse que sim? Pede lá outra vez, não me lembro!" E ele, tão querido, lá se levantou e voltou a repetir tudo. E eu voltei a dizer que sim. Mas desta vez lembro-me.

A partir daí o pato passou para segundo plano, houve champagne e trufas, um prato de doces conventuais servido no terraço, e a S., a quem eu disse pela primeira vez "vou casar!" e que me respondeu com um sorriso "Eu já sabia! Toda a gente aqui no hotel sabe!". Ah, então daí os sorrisos patetas cada vez que eu passava! E comemos e namorámos. E eu namorei o anel no meu dedo (comprado com a ajuda do meu irmão, como esta gente conseguiu manter tudo isto em segredo eu nunca vou compreender) e ele contou-me como tinha organizado tudo sem eu me aperceber.

E eu, que nunca na vida tinha pensado muito em casamentos, e muito menos em pedidos e noivados, de repente estava noiva. E era a sério e aquilo estava mesmo a acontecer!

O pedido de casamento (parte I)

Lembram-se deste menino? Pois que em Fevereiro aqui a Belota e o Menino das Bolachas acharam que queriam algo mais. E como por aqui se faz tudo ao contrário e diferente, primeiro decidimos casar, e só depois é que veio o pedido de casamento. Na altura tínhamos decidido logo como, quando, e onde casávamos, e por isso eu estava convencida de que haveria um pedido oficial, mas mais perto da data. E ele de facto fez o pedido. Três meses antes daquilo que eu antecipara...

Depois de muitos fins-de-semana cheios de trabalho, ele lá insistiu que nunca tínhamos tempo para nós e que eu tinha que tirar um Sábado e Domingo para descansarmos. Nada de especial, um passeio a pé, comer qualquer coisa na rua, namorar sem stress. E eu assim fiz. Enfiei uma mini-saia e umas Uggs, o mais confortável e prático possível, e lá fomos. Primeira coisa estranha: o passeio a pé envolvia sair de casa de carro. Segunda coisa estranha: o carro nem andou assim tanto e parou na rua do meu hotel preferido. Não perguntei nada, sei que quando ele tem alguma coisa programada, gosta de fazer surpresa, e nunca me diria. Por isso saí do carro, a pensar que íamos almoçar num sítio qualquer ali perto. Terceira coisa estranha: tínhamos dado cinco passos e ele diz-me que se tinha esquecido de uma coisa e volta para trás. Vai à mala e tira um saco de fim-de-semana. Quarta coisa estranha: quando lhe pergunto para que é que ele precisa daquilo para ir almoçar, ele responde "e é pesado, queres ver?". Passa-me o saco para a mão e eu quase que o deixei cair. Intrigada, mas caladinha. Continuamos a andar e ele vira para a entrada do hotel. Aí já não consegui ficar sossegada. "Vamos almoçar aqui?? Mas vamos almoçar aqui?? Vamos? Vamos?" E ele nada. E a minha cabeça a funcionar 100% no feminino e só pensava "fogo, devia ter trazido outros sapatos, estou tão desarranjada!". Entramos e perguntam-nos logo: "É para fazer check-in?" E os dois ao mesmo tempo: não (eu), sim (ele). Hum? Ora aí a Belota perdeu-se. Depois aparece uma senhora, manager do hotel, olha para o rapaz que estava ao balcão e diz "do Sr. Menino das Bolachas trato eu". Sr. Menino das Bolachas? Eles sabem o nome dele?? Queres ver que... Tu queres ver... Ai que vai sair disto um pedido de casamento... E os dois segundos em que isto me passou pela cabeça, foram os mesmos dois segundos em que pensei "que disparate, não é nada disso de certeza, se fosse eu teria desconfiado mais cedo!". Aqui está uma grande parvoíce de miúda. Pensar que sabemos tudo e que eles não conseguem fazer nada sem que nos apercebamos antes. Outra parvoíce feminina, foram as trinta preocupações que me vieram à cabeça naquele instante: não trouxe roupa comigo, não tenho nada que possa precisar durante o fim-de-semana, como é que está a minha depilação, que lingerie é que vesti esta manhã... No meio disto já estava com a cabeça a mil, por isso limitei-me a seguir a senhora que pediu que a acompanhássemos...